quarta-feira, 10 de maio de 2023

Anchor

Estou a deitar-me agora; ainda que, estranhamente, não tenha sono. Trago a mente desperta, embora cansada e a fazer um esforço para pensar ordeiramente. Penso em ti, enquanto arranjo a cama para me enroscar nos lençóis. Equaciono que, se estivesses aqui e agora - nessa realidade paralela, onde existimos -, provavelmente estarias a perguntar-te porque me atraso para te aquecer os pés. Provavelmente, se acordasses, estarias a virar a tua almofada ao contrário, para voltares a adormecer com a pele sobre o lençol frio. Quem sabe, permitirias que o teu corpo me recebesse, num abraço quente e caloroso, de quem vai sair da cama em poucas horas. Penso nisso muitas vezes; em como estaria disposta a dar uma volta de 360° à minha vida e mudar os meus horários, se isso fosse a escolha a tomar para olhar para os teus olhos umas horas mais. Tudo isto me passa pela cabeça, em jeito de pensamento fugaz. Porque não estás aqui, e provavelmente nunca virás a estar. Essa é uma verdade que me dói - tenho que o reconhecer. Que permite a que os ciúmes me subam até à ponta do cabelo. E que me deixa, de certa forma, inquieta. Não sei como parar isto. Como te esquecer, sem nunca mais sentir que perdi uma parte de mim.

Sem comentários:

Enviar um comentário

O que te vai na alma?