segunda-feira, 3 de abril de 2023

Vida a mil

Hoje voltei a ouvir capicua. A minha mente transportou-me para um passado que parece ter corrido por nós. Que aconteceu há meses ou anos; tantos foram os que passaram que, provavelmente, já lhes perdi a conta. Quando tenho memórias de ti, deparo-me algumas vezes neste impasse. Não sei onde é que as memórias me querem levar. Nunca tenho a certeza se tudo aquilo que é cósmico, e que de certa forma controla o que fazemos, pretende que eu te procure. Ou que, simplesmente, te deixe para trás. Tenho essas dúvidas, quando eu própria não sei o que fazer. Há dias em que dava tudo para te tirar dos meus olhos. Para limpar o teu nome da minha pele. Ou para te tirar do meu peito. Há outros, porém, em que me sinto capaz de te entregar o mundo. Tipicamente, termino a reconhecer que essa é - e sempre será - uma equação difícil. Saber o que é suposto fazer. Ou saber o que me admites que faça. Ou até o que queres que faça. Fico-me sempre por aí. Em tempos que passaram, nutri por ti sentimentos a que não quero dar nome. Porque não foram bonitos, e tão pouco, um motivo de orgulho. Talvez tenham sido só uma forma de acautelar o ciúme que se apoderou de mim; e a tristeza de te ver ir, quando podia haver tanto que eu te queria dar. Se pensar bem, não posso dizer que isso seja algo inédito. Tenho esta sina, quem sabe intencional, de me entregar já tem o coração ocupado. Diria que essa é a minha forma de me proteger. De procurar consolo numa alma experiente, que não precise de amar. Talvez porque, acima de tudo, eu não saiba como me deixar amar. Só sei entregar-me; mas não permito que mais ninguém de entregue. De certa forma, quis deixar-te fazê-lo e deu no que deu. Resta-me dormir e descansar. Tenho, uma vez mais, a cabeça a mil. 

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