segunda-feira, 10 de abril de 2023

I am still right here

Agarrei nas cadeiras que tinha comprado, ainda cobertas em plástico para não se sujarem com o pó, e sentei-me no varandim, de frente para a janela. Deixei o sol cobrir-me as pernas e o ar fresco, da rua, encher-me os pulmões. Têm sido dias estranhos, estes. Com muita coisa a acontecer. E tu tens-me acompanhado o pensamento, sem razão aparente. Hoje comecei a suspeitar que algo não estivesse bem. Ainda suspeito. Comecei a sentir um aperto estranho no estômago; e vi-me forçada a recordar o que te diria se estivesses a ter um dia mau. Com isso, sinto como se as emoções que me enchem a alma me preenchessem as veias. Embora gostasse, tenho muita dificuldade em traduzir em palavras a forma como gostava de te receber nos meus braços. Acho que gostava só de o fazer. De te dar a mão, ou de te acarinhar a pele, quando parecer que o mundo está contra ti. De te aquecer os pés à noite, quando o frio não te deixar dormir. E de relembrar ao teu coração que há sempre um sítio no mundo que é teu. Que será teu, independentemente do que acontecer. Seria assim, não fosse a realidade ser diferente. Não fosse termos acordado com uma distância de centenas de quilómetros entre nós. Embora esta realidade me puxe para ti, repetidamente. Nestes dias, puxa-me como se precisasses de mim. Precisas? Como se os teus dias tivessem sido, por qualquer motivo que eu desconheço, negros.  Foram? Está tudo bem? Como se os meus braços achassem que são capazes de te curar as feridas do passado. Sei que são essas que te doem mais. Talvez tudo isto não passe, porém, de imaginações da minha cabeça. Provavelmente, nunca virás a querer ou necessitar dos meus braços, para coisa alguma. Sorte a tua, diria. Que grande sorte a tua. 

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